Poster (Painel)
J.236 | Estresse oxidativo na neurodegeneração induzida por rotenona em culturas primárias e organotípicas de mesencéfalo ventral: efeito antioxidante de extrato aquoso de folhas de mogno (Swietenia macrophylla) | Autores: | Arnaldo Jorge Martins Filho (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Larissa Mendes Pereira (ESAMAZ - Escola Superior da Amazônia) ; Sergiane Marques Rodrigues (ESAMAZ - Escola Superior da Amazônia) ; Paulo Roberto da Costa Sá (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Milton N Silva (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Elizabeth Sumi Yamada (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Edmar Tavares da Costa (UFPA - Universidade Federal do Pará) |
Resumo INTRODUÇÃO: A rotenona, um pesticida e piscicida natural, é também um inibidor do complexo mitocondrial I utilizado em modelos animais da doença de Parkinson. Experimentos in vitro e in vivo têm demonstrado que a rotenona é capaz de mimetizar diversas propriedades da doença de Parkinson em humanos, tais como degeneração da via nigroestriatal dopaminérgica e a formação de inclusões citoplasmáticas semelhantes aos corpos de Lewy (Nature Neurosci, 3 (12): 1301, 2000; J Neurosci, 22 (16):7006, 2002). Na doença de Parkinson, cuja etiologia envolve a contribuição de fatores genéticos e ambientais, admite-se que haja uma sobrecarga na produção de radicais livres que, ao reagirem com macromoléculas, concorrem para o processo de morte neuronal (Behav Brain Res 136: 317, 2002; Ann N Y Acad Sci. 1018: 533, 2004).
OBJETIVOS: Avaliar a perda celular induzida por exposição subcrônica à rotenona em culturas primárias de mesencéfalo ventral, assim como a geração de nitritos como indicativa de participação de vias dependentes de óxido nítrico no processo de morte celular. Adicionalmente, em culturas organotípicas, o mesmo paradigma experimental foi utilizado na investigação de efeitos antioxdantes de extrato aquoso obtido de folhas de mogno.
MÉTODOS: Culturas primárias de mesencéfalo ventral (n = 3) obtidas a partir de ratos Wistar neonatos (PND3-4), foram tratadas com 40nM de rotenona no 7º dia em cultura (DEC), durante sete dias. Culturas do grupo controle foram alimentadas com meio de cultura adicionado de veículo (DMSO). Ao final do tratamento, foi feito o ensaio do MTT e dosagem de nitrito (reagente de Griess) por espectrofotocolorimetria. Adicionalmente, culturas organotípicas de mesencéfalo ventral (7º DEC) foram tratadas com 40nM de rotenona ou 40nM de rotenona + 25 ug/ml de extrato de mogno por até 28 DEC. A análise estatística dos resultados foi realizada através do test t de Student, com p < 0,05 considerado estatisticamente significativo.
RESULTADOS: Nosso paradigma experimental resultou em significativa perda de viabilidade celular em culturas mesencefálicas (17,99 ± 0,71%) em comparação com o grupo controle. O mesmo procedimento resultou em aumento nos níveis de nitrito formados na suspensão celular (114,93 ± 26,07%) em comparação com as culturas-controle. Em culturas organotípicas tratadas com rotenona, os níveis de nitrito foram de 169,31; 75,40; 117,45; 73,86; 117,51; 94,03 e 162,50%, comparados ao grupo controle, após 6, 8, 10, 12, 14, 16 e 18 dias de exposição, respectivamente. No grupo tratado com rotenona e extrato de mogno, verificou-se redução nos níveis de nitrito, comparados ao grupo que recebeu apenas rotenona (16,67; 66,60; 43,08; 60,60; 43,83; 23,25 e 49,44%, para os mesmos períodos de tratamento, comparados ao controle).
CONCLUSÃO: Estes resultados confirmam que a exposição subcrônica a rotenona é capaz de induzir perda neuronal em cultura de mesencéfalo ventral, que resulta ao mesmo tempo em níveis elevados de nitrito, sugerindo influência de vias nitrérgicas neste processo neurodegenerativo. Ao mesmo tempo, os experimentos com culturas organotípicas, que também resultaram em produção aumentada de nitritos, sugerem que estes efeitos podem ser mediados por mecanismos oxidativos, a julgar pela capacidade de reverter estes efeitos com a utilização do extrato aquoso de folhas de mogno, extrato quimicamente constituído de compostos flavonóides e fenólicos com alta capacidade antioxidante. Palavras-chave: Cultura de células, MTT, Nitrito, Rotenona |