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I.008 | BASES CONCEITUAIS DA NEUROÉTICA: UMA INVESTIGAÇÃO DAS POSSÍVEIS BASES NEUROBIOLÓGICAS DA CONDUTA MORAL. | Autores: | Cleide Bernardes (UNB - UNIVERSIDADE DE BRASILIA) |
Resumo As descobertas científicas das neurociências apresentam possibilidades para novos diagnósticos e tratamentos, e, consequentemente, dão uma grande contribuição para a compreensão mais ampla da natureza humana. Um exemplo disso são as novas técnicas como ressonância magnética (fMRI) e tomografia por emissão de prótons (PET). Na filosofia, o impacto principal da neurociência se reflete principalmente na ética em questões como livre-arbítrio, responsabilidade e culpabilidade pelas ações individuais, emoção, razão,etc. Podemos esperar que as ações humanas sejam sempre mais racionais que emocionais, reforçando um tipo de dualismo cartesiano presentes nas questões filosóficas sobre mente e cérebro? Será possível dissecar o funcionamento do cérebro a ponto de se encontrar a formação do pensamento? Esse novo campo de discussão, feito mais de interrogações e problemas do que respostas prontas recebe o nome de neuroética, termo apresentado por Adina Roskies em 2002. Outros filósofos e teóricos contemporâneos se dedicam também a buscar bases neurobiológicas para a conduta moral, visando diminuir a divisão entre juízos morais e aspectos biológicos, como por exemplo Joshua Greene, que apresenta a hipótese de existência de bases neurais dos conflitos cognitivos e o controle e origem dos julgamentos morais. Também na ética de Peter Singer percebe-se claramente essa preocupação sendo que sua proposta vai além dos limites da espécie humana e apresenta um questionamento da superioridade da espécie humana (especismo), com importantes estudos dos comportamentos de escolha e preferÊncias em outras espécies. Ainda nesta mesma perspectiva, o neurocientista e filósofo Antonio Damásio defende a hipótese de que todas as características da humanidade resultam de uma evolução biológica e adaptativa e que a consciência humana é resultado dessas vantagens evolutivas. Segundo Damásio, os valores éticos podem ser entendidos como estratégias de sobrevivência da espécie apoiadas nos sistemas neurais que executam as condutas instintivas. Essa afirmação é feita em seu livro O Erro de Descartes , e tem como pano de fundo um novo contexto e um novo campo de discussão e conhecimento que leva em sí a necessidade de interdisciplinaridade entre neurociências, psicologia e filosofia, mais especificamente a ética e a questão da origem dos juízos morais. Damásio inicia seu livro descrevendo casos em que danos físicos e localizados no cérebro, causados por acidentes ou até mesmo por intervenções cirúrgicas determinam alterações do comportamento e da personalidade de alguns pacientes. A partir do relato de casos concretos,algumas certezas no campo da ética se tornaram bastante discutíveis. O caso apresentado com mais detalhes é o de Phíneas Gage, trabalhador da construção civil que tem o cérebro perfurado em um acidente de trabalho em 1948. Ele se recupera completamente, mas sua personalidadee suas atitudes sociais sofrem mudanças. Estes filósofos e pesquisadores defendem a existência de uma natureza física da cosnciência e pretendem demosntrar em suas teorias como a consciêmcia é construída no cérebro humano. Essa via de naturalização da consciência apresenta-se hoje como uma estratégia para o aprimoramento da compreensão científica e filosófica acerca dos fenêmeos mentais. Este é o campo da neuroética. Palavras-chave: cérebro, ética, esolha, juízos morais, neuroética |