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J.042 | EFEITOS DA INIBIÇÃO REVERSÍVEL DO HIPOTÁLAMO DORSOMEDIAL E DA PORÇÃO DORSAL DO HIPOTÁLAMO VENTROMEDIAL SOBRE RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS DE DEFESA | Autores: | Juliana Olivetti Guimaraes Nascimento (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Milena de Barros Viana (UNIFESP - Universidade Federal de São PauloUNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) |
Resumo O hipotálamo é uma estrutura de fundamental importância para a adaptação do organismo a situações de estresse, seja ele provocado por estímulos aversivos ou por qualquer situação que altere o equilíbrio homeostático. Os núcleos hipotalâmicos mediais têm sido propostos como relacionados à modulação de respostas comportamentais de defesa e das alterações fisiológicas que a acompanham. Fazem parte do hipotálamo medial, o núcleo dorsomedial (HDM), a porção dorsomedial do hipotálamo ventromedial (HVMdv), o núcleo anterior do hipotálamo e o núcleo premamilar dorsal. A participação do sistema GABAérgico do hipotálamo medial na gênese de respostas comportamentais e fisiológicas a estímulos aversivos têm sido evidenciada por diversos estudos experimentais. Tem sido demonstrado que a administração de antagonistas GABAérgicos intra-hipotálamo medial induz comportamento de fuga, à semelhança da estimulação elétrica do núcleo. Pouco tem sido investigado com relação à modulação exercida pelo hipotálamo medial sobre respostas de defesa condicionadas e/ou evocadas por situações mais naturalísticas. O objetivo do presente trabalho foi melhor investigar o envolvimento do sistema GABAérgico e dos substratos neurais do hipotálamo medial em respostas comportamentais de defesa condicionadas e incondicionadas, a partir da utilização de um modelo animal de ansiedade, o labirinto em T elevado (LTE), que permite a medida de duas respostas comportamentais (esquiva inibitória e fuga de uma via), em um mesmo animal. Em termos clínicos, estas respostas têm sido relacionadas à ansiedade generalizada e ao transtorno do pânico, respectivamente. No presente trabalho, ratos Wistar machos (aproximadamente 280 g) foram implantados com cânulas-guia para microinjeção em dois núcleos do hipotálamo medial: o HDM e o HVMdm. Os animais receberarm microinjeções do agonista GABAA muscimol (0,5 e 1,0 nmol, intra-HDM; 1,0 nmol intra-HVMdm) e dez minutos depois foram submetidos ao LTE. A fim de se evitar falsos negativos ou positivos devido ao efeito das drogas sobre a atividade locomotora, os animais foram testados em um campo aberto após os testes com o LTE. Os resultados mostraram que a injeção de muscimol intra-HDM alterou seletivamente a resposta de fuga de uma via (média ± EPM da fuga 2: controle: 4,23 ± 0,49; 0,5 nmol: 11,58 ± 3,31; fuga 3: controle: 5,23 ± 0,52; 1,0 nmol: 43,3 ± 19,8), não alterando a resposta de esquiva (p<0,05). Embora a dose mais alta de muscimol (1,0 nmol) intra-HDM tenha acarretado também alteração motora (p<0,05) (média ± EPM do número de cruzamentos: controle 60,58 ± 6,25; 1,0 nmol: 32,42 ± 5,64; levantamentos: controle: 11,25 ± 1,38; 1,0 nmol: 5,14 ±1,75), a dose mais baixa (0,5 nmoles) da droga não o fez. Quando administrado intra-HVMdm, o muscimol não foi capaz de alterar nem a resposta de fuga e nem a de esquiva. Para concluir, é possível afirmar que a inativação do HDM por muscimol inibe seletivamente uma resposta comportamental de defesa, a fuga, que em termos clínicos tem sido relacionada ao transtorno do pânico. Palavras-chave: HIPOTÁLAMO DORSOMEDIAL, ANSIEDADE, RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS DE DEFESA |