SBNeC 2010
Resumo:J.065


Poster (Painel)
J.065Separação materna repetida como fator desencadeador de comportamento do tipo deprimido em genitoras - um estudo em animais de experimentação
Autores:Eduardo Toigo (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Luisa Diehl (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Letícia Pettenuzzo (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Patrícia Silveira (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Angela Wyse (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Carla Dalmaz (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

Resumo

Vários estudos têm demonstrado o efeito da separação materna sobre os filhotes, considerando seu desenvolvimento neural e os efeitos produzidos quando atingem a idade adulta. Entretanto, poucos estudos foram feitos a respeito dos efeitos emocionais e neurológicos que ocorrem nas ratas genitoras quando submetidas a separações de seus filhotes. Este trabalho tem por objetivo verificar se separações repetidas de longa duração podem produzir um comportamento do tipo depressivo em ratas genitoras, analisando parâmetros relacionados a esse tipo de comportamento. População e Amostra: 30 ratas Wistar prenhes foram divididas em três grupos: Controles: a ninhada permaneceu sem qualquer tipo de manipulação até o desmame. Manipuladas (M): os filhotes sofreram separação de suas mães por 10 minutos por dia dos dias 1 a 10 de vida. Separadas (S): os filhotes sofreram separação de suas mães por 3 horas por dia dos dias 1 a 10 de vida. Aos 21 dias foi realizado o desmame, sendo os seguintes parâmetros então analisados: teste do nado forçado, níveis de ocitocina no líquor, a concentração plasmática de corticosterona e a avaliação da atividade da enzima Na+,K+-ATPase no hipocampo. Resultados: No teste do nado forçado, foram observadas diferenças significativas conforme o tipo de separação aplicado, indicando que as mães que tiveram seus filhotes separados no período neonatal permanecem mais tempo imóveis que mães de filhotes manipulados ou controles [ANOVA, p < 0,05; Cont: 144,5 ± 58,66; Manip: 140,25 ± 62,37; Sep: 225,8 ± 49,74, dados em segundos, média + EPM, Post-Hoc de Duncan). Em relação aos níveis de corticosterona plasmática, não foram observadas diferenças entre os grupos [Cont: 119,96 ± 21,86; Manip: 123,79 ± 20,92; Sep: 156,2 ± 13,92, dados expressos em ng/mL]. Na avaliação da atividade da enzima Na+K+ATPase no hipocampo, foi verificada uma diferença significativa da atividade enzimática, com redução na atividade no hipocampo das mães dos filhotes separados e manipulados em relação aos controles [p < 0,05; Post-Hoc de Duncan; Cont: 467,5 ± 83,06; Manip: 368 ± 65,10; Sep: 301 ± 31,28 dados expressos em nmol Pi/min/mg de proteína]. Uma diferença significativa no nível de ocitocina no líquor foi observada, com aumento nas mães dos filhotes manipulados em relação as que tiveram seus filhotes separados ou aqueles sem qualquer intervenção [p < 0,05; Post-Hoc de Duncan; Cont: 17,43 ± 1,9; Manip: 32,4 ± 4,5; Sep: 17,7 ± 5,7 dados expressos em pg/mL]. Conclusões: nossos resultados demonstram que o estresse do tipo separação materna (retirar os filhotes das mães 3h/dia durante 10 dias) no período neonatal pode atuar como um desencadeador de um comportamento do tipo deprimido nas ratas genitoras, como observado pelo aumento do tempo de imobilidade no teste do nado forçado. Paralelamente, ocorre diminuição na atividade da Na+K+-ATPase no hipocampo (característica também observada em modelos animais de depressão). Os níveis de ocitocina não tiveram relação com tal tipo de comportamento, mas podem estar relacionados ao aumento do comportamento materno relatado em animais com esse tipo de intervenção. Os efeitos depressivos demonstrados nesse trabalho podem ser de utilidade para o desenvolvimento de um modelo no qual se possa estudar as consequências da depressão no período pós-parto. Apoio: CNPq


Palavras-chave:  depressão, NaKATPase, ocitocina, Separação repetida dos filhotes, teste do nado forçado