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J.191 | EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO PRÉ-NATAL DE LPS NO COMPORTAMENTO MATERNO DE CAMUNDONGOS PREVIAMENTE SELECIONADOS PELO TESTE DE SUSPENSÃO DA CAUDA: RELAÇÃO COM TRANSTORNOS DEPRESSIVOS | Autores: | Thiago Marinho Reis E Silva (FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia) ; Frederico Azevedo da Costa Pinto (FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia) ; Esther Lopes Ricci (FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia) ; Maria Martha Bernardi (FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia) |
Resumo Objetivos: A depressão afeta hoje mais de 120 milhões de pessoas em todo mundo e estima-se que em aproximadamente uma década ela se tornará a 2º doença mais responsável pela perda prematura de vida entre todas as idades e sexos. Comportamentos específicos tal como o cuidado materno podem contribuir para o desencadeamento de transtornos como a depressão. Existem consideráveis evidências de que a administração perinatal de lipopolissacarídeo (LPS), uma endotoxina bacteriana, promove efeitos persistentes no desenvolvimento e comportamento da prole de camundongos, os quais se mantêm até a idade adulta. A hipótese citocinérgica da depressão sustenta que a administração do LPS durante a gravidez pode ser usado como um modelo transgeracional de depressão associada à citocinas, visto que essa endotoxina pode induzir a um comportamento pós-natal doentio na prole, além de mudanças no comportamento desenvolvido a longo prazo e que se assemelham a depressão. Tendo em vista que a ativação do sistema imune pode estar ligada com a incidência de depressão, o presente projeto buscou avaliar o comportamento materno de camundongos previamente selecionados com comportamentos tipo-depressivo ou saudável.
Métodos e Resultados: Camundongos machos e fêmeas que apresentaram maior e menor tempo de imobilidade no do teste de suspensão da cauda (TST) foram divididos em quatro grupos (comp. tipo-depressivo + veículo [n=6] e + LPS [n=8] e comp. saudável + veículo [n=7] e + LPS [n=6]) e depois cruzados. No 15º dia da gestação as fêmeas receberam 100µg/kg de LPS ou 0,9% de solução salina. Ao nascimento (PND1) o comportamento de recuperação dos filhotes foi avaliado e no 5º dia de lactação (PND5) foi avaliado o comportamento maternal (recuperação dos filhotes, limpeza dos filhotes e postura final de amamentação). A motivação materna foi tomada pelas latências de busca dos filhotes. A atividade geral das fêmeas foi estudada pelo seu levantar. Os resultados mostraram que: 1) no teste inicial (TST) foi possível selecionar grupos de camundongos com menores e maiores tempos de imobilidade; 2) o comportamento materno nos dois testes não foi diferente quanto à latência de recolher os filhotes tanto no PND1 como no PND5. Embora não se tenha observado diferenças significantes entre os grupos, houve tendência (p<1) a aumento na latência para busca do 1° e 2° filhote no comportamento maternal das fêmeas saudáveis e tratadas prénatalmente com o LPS; 3) fêmeas saudáveis apresentaram tendência a recolher os filhotes de forma mais rápida, contudo, somente o grupo saudável que recebera a aplicação de LPS teve 100% de postura maternal total; 4) notou-se diferenças no cuidado maternal entre os vários grupos; 5) houve redução clara no comportamento maternal total das fêmeas saudáveis que receberam veículo (100%) em relação às saudáveis que receberam LPS, cujo índice foi de 0%. Mães do grupo comp. tipo-depressivo + veículo mostraram 50% deste parâmetro de forma similar àqueles do grupo tipo-depressivo + LPS.
Conclusão: Os resultados demonstram a ocorrência de diferenças produzidas quer seja pelo tratamento quer seja pelo status emocional das fêmeas em vários parâmetros do comportamento materno. Dessa forma, é possível inferir que o status tipo-depressivo interfere com o comportamento maternal. As fêmeas saudáveis foram mais sensíveis ao LPS, pois somente elas mostram aumento no comportamento materno total e respostas diferenciadas aos grupos depressivos.
Palavras-chave: Comportamento materno, Depressão, Lipopolissacarídeo (LPS), Pré-natal, Teste de suspensão da cauda (TST) |