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J.054 | Infecção bacteriana pré-natal prejudica o comportamento e a neuroquímica do sistema olfatório de ratos machos | Autores: | Thiago Berti Kirsten (FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, USP) ; Marina Taricano (FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, USP) ; Jorge Camilo Flório (FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, USP) ; João Palermo Neto (FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, USP) ; Maria Martha Bernardi (FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, USP) |
Resumo Objetivos: As infecções pré-natais bacterianas e virais são descritas por induzirem inúmeros danos neurológicos e comportamentais em humanos e outros mamíferos. Apesar do grande número de publicações a cerca deste tema, muito pouco se sabe sobre os efeitos dessas infecções pré-natais nos sistemas sensoriais dos animais. Especificamente, seria interessante estudar o sistema olfatório, que é o principal sistema sensorial dos roedores, com funções de reconhecimento ambiental. Dessa forma, foi objetivo deste trabalho avaliar os efeitos de uma infecção bacteriana pré-natal no sistema olfatório de ratos. A infecção foi induzida pela administração do lipopolissacarídeo (LPS), que mimetiza uma infecção bacteriana. Métodos: Para tanto, 18 ratas Wistar prenhes receberam o LPS (100 µg / kg, i.p) ou salina 0,9% no 9,5º dia de gestação. Um filhote macho adulto (dia de vida pós natal 60) de cada prole foi avaliado em uma situação de estímulo olfativo aversivo. Outro filhote macho adulto de cada ninhada foi avaliado quanto aos níveis de neurotransmissores (dopamina, serotonina, noradrenalina e seus metabólitos) no bulbo olfatório pelo método de cromatografia líquida de alta eficiência. O estímulo olfativo aversivo empregado no experimento foi o odor de gato impregnado em um tecido umedecido. Além dos grupos LPS (GL) e controle (GC), que foram expostos ao odor de gato, outro grupo, chamado de neutro (GN), foi utilizado, onde o tecido não continha odor de gato. Os parâmetros avaliados foram: número de vezes e tempo gasto (s) em contato com o tecido (contato físico direto ou a partir de uma distância menor ou igual a cinco centímetros do tecido), e número entradas e tempo gasto (s) no compartimento de abrigo. Resultados: Comparado aos dados do grupo neutro, os animais do grupo controle apresentaram redução no número de vezes (GN 15 ± 1,7; GC 4,4 ± 1,0) e no tempo gasto (GN 27 ± 4,8; GC 9,3 ± 2,5) em contato com o tecido impregnado com odor de gato, mostrando que o modelo empregado foi eficiente em induzir resposta olfativa aversiva. Porém, os ratos tratados pré-natalmente com LPS não apresentaram redução no tempo de contato com o tecido (15 ± 2,9) com relação aos animais do grupo neutro, fato interpretado como prejuízo sensorial olfatório, redução do medo, ou desinteresse frente a estímulos ambientais. O número entradas (GN 4,9 ± 0,48; GC 4,9 ± 0,81; GL 5,5 ± 0,42) e o tempo gasto (GN 85 ± 18; GC 140 ± 16; GL 120 ± 13) no compartimento de abrigo não foram alterados comparando os grupos neutro, controle e LPS (ANOVA de uma via seguido do teste de Tukey). Com relação aos níveis de neurotransmissores no bulbo olfatório, foi verificado uma redução de dopamina nos animais tratados pré-natalmente com LPS com relação aos dados do grupo controle (GC 157,2 ± 48,0; GL 88,2 ± 42,9). Os outros neurotransmissores e matabólitos não apresentaram alterações, quando comparado os grupos controle e LPS (Teste t de Student). Os resultados foram considerados significantes para p<0,05. Conclusões: Dessa forma, conclui-se que esta infecção bacteriana pré-natal causou prejuízos comportamentais e neuroquímicos no sistema olfatório dos ratos, o que deve ter implicações graves em sua vida, uma vez que este sistema é o principal sistema sensorial dos roedores. Palavras-chave: Estímulo olfativo aversivo, LPS, Neuroquímica, Pré-natal |