Resumo

AVALIAÇÃO DA INTERAÇÃO MULTISSENSORIAL NA “ILUSÃO DA MÃO DE BORRACHA” Objetivos: Os estudos de falsas percepções têm fornecido uma rica fonte para guiar estudos neurobiológicos. Submeter o cérebro a situações conflitantes ajuda a entender como ele trabalha. Uma simples ilusão pode abrir um caminho para a investigação dos mecanismos neurais subjacentes à formação de nossas percepções e ações acerca do mundo. Verificar a percepção sensorial produzida no estudo de uma simples ilusão, observando como informações de diferentes sentidos interagem, pode posteriormente nos ajudar a compreender melhor a fisiopatologia e o tratamento de algumas doenças comumente tratadas na Fisioterapia. Desta forma, o presente estudo teve por objetivo avaliar a ilusão vivenciada quando o cérebro é submetido à estímulos conflitantes entre a visão, a propriocepção e o tato. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa analítica, experimental, com abordagem quantitativa. A amostra foi constituída de 22 discentes da Universidade Estadual da Paraíba, com idade de 16 a 25 anos. Foram excluídos da pesquisa os indivíduos considerados sinistros, variável avaliada através do Teste de Edinburgh, e que estivesse realizando algum tipo de tratamento que alterasse suas percepções e sensações. No experimento, o membro superior esquerdo foi posicionado sobre a mesa dentro de uma caixa, de forma que seu membro não era visto. Uma mão de borracha esquerda de tamanho natural foi colocada na mesa diretamente em frente ao sujeito. O membro superior direito, que não participou do experimento, ficou repousando sobre as pernas do indivíduo. O participante olhava fixamente para a mão de borracha enquanto o pesquisador realizava estimulação, simultaneamente, na mão de borracha e no membro superior esquerdo, com tempo e velocidade iguais. Os estímulos aplicados foram os táteis (aplicados com o pincel) e dolorosos (com o palito de madeira) onde cada estímulo foi aplicado durante 4 minutos. Os participantes foram divididos em dois grupos: grupo A (recebeu primeiro estímulo tátil e depois o estímulo doloroso) e Grupo B (recebeu primeiro o estímulo doloroso e depois o estímulo tátil). Após o experimento foi aplicado questionários relacionados as sensações vivenciadas, com o intuito de quantificar a intensidade da ilusão vivenciada Os dados foram analisados através do programa Graph Pad Prism 4.02, sendo os dados expressos em média e desvio padrão da média, considerando-se significantes valores com p<0,05. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba sob o número 0310.0.133.000-07. Resultados: Pôde-se observar que a ilusão da mão de borracha foi evidenciada com maior intensidade nos seguintes itens do questionário: Sensação na área da mão de borracha (tátil: 2,41 ± 0,27/ dolorosa: 2,64 ± 0,14), Sensação pelo pincel na área da mão de borracha (tátil: 1,23 ± 0,40/ dolorosa: 1,09 ± 0,49) e Propriedade da mão de borracha (tátil: 0,27 ± 0,54/ dolorosa: 1,32 ± 0,38). Evidenciou-se, ainda, um aumento significativo (p<0,01) da intensidade da ilusão dos indivíduos que receberam estímulos dolorosos (4,91 ± 0,94) quando comparados com o estímulo tátil (6,00 ± 1,04). Conclusão: Pôde-se concluir que quando o cérebro é submetido a estímulos multisensoriais conflitantes, interpretá-os de maneira complexas, levando a sensações que vão desde a desconsideração de alguns estímulos até alterações no esquema corporal.