Resumo

Estudos epidemiológicos e animais têm sugerido que o óleo de peixe, rico em ácidos graxos poli-insaturados (AGPIs) ômega-3, DHA e EPA, possuem efeitos benéficos em sintomas psiquiátricos e comportamentais na Doença de Alzheimer. O objetivo foi investigar os efeitos dos AGPIs ômega-3 na memória aversiva e no comportamento depressivo de ratos após injeção intracerebroventricular de peptídeo β-amilóide (PBA). Ratas Wistar com 90 dias foram acasaladas com machos de mesma linhagem e idade, após detecção da prenhez, foram separadas em 2 grupos, alimentadas com dietas com diferentes fontes lipidicas durante a gestação e lactação: Grupo Controle (GC, a base de óleo de soja) e Grupo Peixe (GP, a base de óleo de peixe). Após a lactação, os filhotes machos do GC foram divididos em GCSham (a base de óleo de soja, n=4) e GC+PBA (óleo de soja+infusão i.c.v. de PBA, n=8). Os filhotes machos do GP foram divididos GPSham (a base de óleo de peixe, n=5) e GP+PBA (óleo de peixe+infusão i.c.v. de PBA, n=4). Aos 35 dias, os ratos foram anestesiados com ketamina e xilazina i.p. e colocados no aparelho estereotáxico. Foram feitos 2 orifícios bilaterais. A microinfusão de PBA (1-40) 200µM foi realizada nas seguintes coordenadas estereotáxicas: AP, 0.0mm; ML, &#+1771,4mm a partir da linha média e DV, -3,5mm a partir da calota craniana e foram infundidos 3µL de PBA por um período de 10min cada ventrículo lateral. Após o término da infusão a agulha foi mantida no local por mais 5min. Em seguida, a pele foi suturada e os animais retirados do estereotáxico e colocados em gaiolas individuais. Os animais do grupo Sham foram submetidos ao mesmo procedimento cirúrgico. No entanto, receberam infusão bilateral de 3μL de água estéril. Após 15 dias da cirurgia, os animais foram submetidos ao teste de suspensão pela cauda que avalia o comportamento depressivo contabilizado através do tempo de imobilidade. O aparato consistiu de uma haste de metal 30cm distantes do chão, no qual o animal permaneceu por um período de 5min suspenso pela cauda. O experimento foi filmado. Para a análise de memória aversiva foi utilizada uma caixa de esquiva inibitória composta por uma plataforma e uma grade de metal eletrificada. No primeiro dia, o animal foi ambientado por 120s, sem levar choques. No segundo dia (treinamento), cada vez que o animal descia da plataforma, recebia um choque de 1mA/3s. No terceiro dia (teste), registrava-se o tempo de permanência na plataforma e a memória aferida em função dessa latência. Processo: CEUA DFBICB 010. As análises estatísticas utilizadas foram Anova e Bonferroni. Os resultados mostraram que o estado depressivo do GPSham foi menor (92&#+17710,8s) quando comparado aos outros grupos. No entanto, o GC+PBA foi o que permaneceu mais tempo imóvel (194,5&#+1776,6s). A imobilidade do GP+PBA (156,3&#+1774s) foi estatisticamente igual ao GCSham (144&#+1778,7s), menor que o GC+PBA e maior que o GPSham. No teste de esquiva passiva foi observado que o GP+PBA manteve a mesma latência (72,8&#+17710,4s) que o GCSham (67,4&#+1779s) e GPSham (79&#+1779s). Em contrapartida, o GC+PBA apresentou pior performance (50&#+1778s). Pode ser concluído que o PBA exacerbou o comportamento depressivo. No entanto, os AGPIs ômega-3 diminuíram a depressão nos animais do GP+PBA. Houve pior performance na memória aversiva apenas nos animais que receberam PBA+óleo de soja, mostrando que não ocorreu nenhum dano, quando o animal foi alimentado com óleo de peixe rico em DHA e EPA.