Resumo

Um novo método e sistema minimamente invasivo de monitoramento da pressão intracraniana (PIC), desenvolvido por nosso grupo de pesquisa, apresentou ótimos resultados. A sensibilidade e reprodutibilidade do nosso sistema são adequadas para o uso clínico, porém, para se comparar os dados obtidos com os sistemas de monitoramento da PIC invasivos atualmente utilizados, é necessário converter os sinais captados para uma unidade comumente utilizada na medicina (mmHg). Uma das possibilidades para se realizar essa calibração, foi encontrada utilizando-se a pressão arterial pulsátil (PAP) como referência. Um dos objetivos deste trabalho foi comparar os resultados da PIC, obtidos pelo sistema desenvolvido, com a curva de PAP, ambas obtidas sincronizadamente em tempo real com registro digital computadorizado. A pressão intracraniana de ratos da linhagem “Wistar” (Rattus norvegicus albinus), com peso médio de 350 g, foi acompanhada pelo sistema minimamente invasivo de monitoramento da pressão intracraniana. Um sensor de deformação do tipo “strain-gauge” foi colado com cianoacrilato sobre a região parietal do crânio do animal e, então, conectado ao sistema de aquisição de dados. Concomitantemente, a pressão arterial pulsátil foi monitorada por meio de uma cânula de polietileno inserida na artéria femoral do animal, a qual foi ligada a um transdutor de pressão acoplado a um amplificador também conectado a um sistema computadorizado de aquisição e análise de dados. Os resultados foram comparados através de um programa de análise matemática, a partir do qual foi possível observar o sinal da PAP modulando a curva da PIC. Analisando a curva da pressão intracraniana, observou-se que o sinal da PAP pode ser registrado através desta, ou seja, as variações da pressão arterial pulsátil registradas diretamente pelo sistema de aquisição também foram encontradas na curva de PIC. Com os dados obtidos, foi possível traçar uma curva de PICxPAP, na qual observou-se linearidade entre as duas pressões, o que permitiu a referida calibração. Os resultados mostram que é possível correlacionar as variações da pressão arterial pulsátil com a variação encontrada na curva da PIC, possibilitando, assim, a comparação e o uso da PAP como forma de calibração do sistema de monitoramento minimamente invasivo da PIC em mmHg. Adicionalmente, a medida da PIC com este novo sistema oferece agora a vantagem de constituir-se numa técnica de medida fisiológica que incluirá a variável cardiológica PAP sem a necessidade de outra instrumentação ou intervenção invasiva. Apoio Financeiro: FAPESP