SBNeC 2010
Resumo:A.029


Poster (Painel)
A.029Variação na proporção de células de Purkinje em primatas e roedores
Autores:Natália de Morais Sales (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Peiyan Wong (UV - Universidade de Vanderbilt) ; Kenneth Catania (UV - Universidade de Vanderbilt) ; Jon Kaas (UV - Universidade de Vanderbilt) ; Suzana Herculano-houzel (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo

A função do córtex cerebelar é baseada em um circuito no qual as células granulares (G) recebem aferências de várias estruturas e repassam esses sinais às células de Purkinje (P), que integram estas entradas e fornecem toda a eferência do córtex cerebelar. A razão G/P, portanto, é uma estimativa de quanta informação é integrada por células de Purkinje em cada espécie. Aqui calculamos o número de células de Purkinje, a razão G/P e o número de células G e P abaixo de uma mesma superfície no cerebelo de roedores e primatas e analisamos como esses números variam com a massa e o número de neurônios do cerebelo (Cb) e do córtex cerebral (Cx). Analisamos uma secção médio-sagital de 1 milímetro de espessura de 56 cerebelos de 20 espécies de mamíferos (11 primatas, roedores, 8, e 1 Scandentia). Após traçar a área superficial de cada secção (A), utilizamos o fracionamento isotrópico para determinar o número total de células na seção. Células P e G foram identificadas pela morfologia nuclear e quantificadas separadamente, e seus números foram comparados com números já publicados do total de neurônios no Cb e Cx de cada espécie. Nós confirmamos que o cerebelo ganha neurônios linearmente com o córtex cerebral e na mesma taxa em roedores e primatas (Herculano-Houzel, 2010). Contudo, o Cb ganha células de Purkinje mais rápido em roedores do que em primatas conforme a estrutura ganha neurônios (com Ncb^0.742 e Ncb^0.632, respectivamente). Como resultado, a relação G/P aumenta mais lentamente em roedores (com Mcb^0.282) do que em primatas (com Mcb^0.318), e para uma mesma massa de Cb encontramos sistematicamente maiores proporções G/P em primatas do que em roedores. Notavelmente, os roedores também ganham células de Purkinje mais rápido que primatas em função do número de neurônios no Cx (com Ncx^0.820 e Ncx^0.592, respectivamente). Como resultado, a relação entre Ncx e células de Purkinje aumenta em primatas (com Ncx^0.376) e torna-se quase 10 vezes maior em primatas do que em roedores, nos quais esta razão não aumenta significativamente com o tamanho do cérebro. Nós encontramos que a razão G/A não é constante entre as espécies, variando 2,1 x em primatas, 2,0x em roedores, e 3.3x em toda a amostra. Não há, no entanto, nenhuma mudança sistemática da razão G/A com o aumento da massa do Cb ou do seu número de neurônios. Em contrapartida, nossos dados preliminares sugerem que a proporção P/A diminui de forma sistemática em ambos os roedores e primatas conforme o cerebelo ganha neurônios. Nossos dados são compatíveis com um cenário em que, conforme o Cb ganha neurônios em roedores e primatas, células de Purkinje se tornam maiores, tal que a razão P/A diminui, enquanto o G/A não varia de nenhuma forma sistemática. No entanto, com uma adição de células P mais rápida no cerebelo dos roedores do que no de primatas, a relação entre os neurônios no córtex cerebral e células P aumenta em primatas, mas não em roedores. Isto sugere que células de Purkinje individuais integram mais informação em cerebelos de primatas do que em cerebelos de roedores.


Palavras-chave:  cerebelo, alometria, córtex, evolução, purkinje