Resumo

A pressão intracraniana (PIC) é um dos principais parâmetros neurológicos em humanos e animais. A PIC é uma função dependente do conteúdo da caixa craniana (parênquima cerebral, líquido cefalorraquidiano e sangue) e do volume do crânio. Para a neurocirurgia, a PIC é uma das variáveis mais importantes para definição dos procedimentos a serem adotados em casos de traumas cranianos e outras enfermidades. Atualmente, todos os métodos existentes no mercado são invasivos. Devido a esse fato, a demanda por sistemas não invasivos é alta. Com isso, o presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma tecnologia capaz de monitorar a PIC sem a necessidade de intervenções cirúrgicas. O equipamento desenvolvido neste estudo (Brain Helmet) consiste de uma estrutura estereotáxica, um sensor de deformação do tipo strain-gauge acoplado a ela, um amplificador dos sinais biológicos adquiridos pelo sensor e um computador com software apropriado para análise e armazenamento em tempo real dos dados. O equipamento, apoiado sobre a região parietal da cabeça da pessoa, foi devidamente testado em voluntários. Os testes consistiram de uma manobra de compressão das veias jugulares, procedimento efetivo para se obter uma variação da pressão intracraniana. Esta manobra é capaz de aumentar a pressão intracraniana devido à diminuição do fluxo de sangue venoso para o coração, levando ao acúmulo de sangue no espaço intracraniano e consequente aumento da PIC. A descompressão das veias jugulares leva a uma rápida diminuição da PIC a seus valores iniciais. Durante todos os testes, o equipamento apresentou sensibilidade e rapidez na captação do aumento e a diminuição da pressão intracraniana. Foi observada também a estabilidade do sistema, uma vez que não ocorreu variação da linha de base e nem ruídos elétricos que pudessem interferir nas leituras dos sinais biológicos captados pelo sistema durante os experimentos. O novo sistema (Brain Helmet) desenvolvido neste estudo foi capaz de monitorar as variações da pressão intracraniana dos voluntários de forma totalmente não invasiva, levando assim ao surgimento de novas possibilidades para o monitoramento da PIC em diversas áreas, sem os riscos de infecções e traumas decorrentes dos métodos invasivos. Prevê-se a utilização extensiva deste equipamento em estudos de variadas patologias, tais como tumores, enxaquecas, hidrocefalia e outras. Adiciona-se a possibilidade de estudos em farmacologia e endocrinologia.