SBNeC 2010
Resumo:B.007


Prêmio
B.007Influência dos receptores Toll Like 2 e Toll Like 4 na reatividade glial e plasticidade sináptica de motoneuônios medulares após lesão periférica
Autores:Camila Marques Freria (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Alexandre Leite Rodrigues Oliveira (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)

Resumo

As células da glia são responsáveis por intermediar a interação entre o Sistema Nervoso (SN) e o Sistema Imune (SI). Além disso, recentes estudos têm demonstrado que estas células expressam receptores Toll Like (TLRs), assim como os receptores MHC I, que podem interferir no processo de plasticidade do SNC. Desse modo, este estudo tem o objetivo de analisar a influência do receptor Toll like 2 e Toll like 4 na reatividade glial e na dinâmica das sinapses em aposição a motoneurônios medulares de camundongos após lesão nervosa periférica. Para a análise in vivo, foram utilizados 36 animais. Estes foram divididos em C3H/HeJ (mutante para TLR4, n=9), C3H/HePas (controle para TLR4, n=9), C57Bl6 TLR2-/- (Knockout, n=9) e C57Bl6 (controle, n=9). Ambas as linhagens foram anestesiadas e submetidas à cirurgia de transecção unilateral, sendo removido um segmento de 2mm do coto distal do nervo isquiático. Uma semana após a transecção os animais foram anestesiados e sacrificados por perfusão transcardíaca. As medulas foram extraídas, sendo processadas para imunohistoquímica (n=20) e para western-blot (n=16). Em imunohistoquímica foram empregados os anticorpos anti-sinaptofisina, GFAP, IBA1 e MHC classe I. Em western-blot, a análise foi concentrada nas proteínas GFAP, sinaptofisina e MHC I. Os resultados mostram que os animais TLR2 apresentaram menor perda sináptica comparado ao grupo controle (Controle 0.30±0.02; Knockout 0.46±0.01 razão ipsi/contralateral da densidade integrada de pixels). Já os animais TLR4 apresentaram diminuição da cobertura sináptica para o grupo mutante (C3H/HePas 0.56±0.03; C3H/HeJ 0.26±0.04 ipsi/contralateral). Entretanto, tal diferença regional não afetou a expressão global de sinaptofisina analisado por WB (C3H/HePas 0.83±0,02; C3H/HeJ 0.81±0,05 razão ipsi/contralateral). Além disso, os animais TLR4 não apresentaram diferenças para a reatividade astroglial em imunoistoquímica (C3H/HePas 2.12±0.43; C3H/HeJ 1.96±0.08 razão ipsi/contralateral), e WB. No mesmo sentido, não houve diferença para a reatividade microglial (C3H/HePas 9.20±1.57; C3H/HeJ 8.57±1.97 razão ipsi/contralateral). Tais resultados indicam que a plasticidade sináptica, nos animais mutantes, independe da expressão de MHC I, particularmente baixa, bem como da reatividade glial. Desse modo, a participação do receptor Toll Like 4 parece ser fundamental para a preservação sináptica após lesão. Quanto aos animais TLR2, observou aumento da reatividade astroglial em relação ao grupo controle (Controle 1.90±0.10; Knockout 3.08±0.13 razão entre os lados ipsi e contralateral) e aumento da expressão de MHC I para o grupo Knockout (C57BL/6J 2.47±0.03; Knockout 4.02±0.08). Quanto, à reatividade microglial, não houve diferenças significativas (C57BL/6J 9.41±1.09; Knockout 10.12±0.59 razão ipsi/contralateral). Os resultados do presente estudo sugerem que outros mecanismos, além da expressão de MHC I, podem estar envolvidos na preservação sináptica e que a reatividade glial contribui para tais eventos.


Palavras-chave:  axotomia, glia, motoneurônios, TLR2, TLR4