Prêmio
J.032 | A manipulação neonatal apresenta efeitos sexo-específico no aprendizado e no aprendizado reverso em uma tarefa apetitiva em ratos | Autores: | Ana Paula Soares Huffell (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Cristie Noschang (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Danusa Mar Arcego (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Rachel Krolow (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Fernanda Fontella (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Carla Dalmaz (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) |
Resumo Eventos precoces levam a alterações que persistem ou se revelam na idade adulta. O período pós-natal em humanos e na maioria dos mamíferos é caracterizado por uma forte interação entre a mãe e o neonato. Intervenções realizadas neste período podem modificar o comportamento materno e afetar o desenvolvimento do sistema nervoso na prole. Um exemplo de intervenção utilizada experimentalmente é a manipulação neonatal. Diferentes resultados têm sido encontrados em estudos envolvendo a memória e o aprendizado em ratos manipulados no período neonatal, tendo relação com sexo e a idade dos animais. Com base nisso, o objetivo deste estudo é avaliar as diferenças sexo-específico na capacidade de aprendizado em ratos adultos manipulados no período neonatal, em uma tarefa do tipo apetitiva.
Foram utilizadas 17 ratas Wistar fêmeas prenhes. O dia do nascimento foi considerado o dia zero. As ninhadas foram divididas em controles e manipuladas. No grupo manipulado, os filhotes foram colocados em uma incubadora a 32º C durante 10min/dia, do dia 1º-10° após o nascimento. Aos 21 dias os animais foram desmamados e separados por sexo. Para evitar o efeito ninhada apenas 2 animais de cada ninhada foram utilizados. Quando adultos, os animais foram submetidos à tarefa do labirinto em Y. Nessa tarefa os animais são colocados em um labirinto no formato de Y (contendo dicas espaciais) onde poderão escolher entre um dos dois braços do aparato, sendo que em um dos braços (alvo) há um recipiente com alimento palatável Froot Loops. Ao entrar em um dos braços, uma porta do tipo guilhotina era fechada e o animal era mantido no braço em que entrara durante 60s. Foram realizadas quatro tentativas por dia. Após os animais atingirem o critério (acertar o braço alvo em pelo menos 3 das quatro tentativas diárias), o alimento foi trocado de braço, passando este a ser considerado o braço alvo e os animais foram treinados até o aprendizado completo neste outro braço, caracterizando assim o aprendizado reverso. Durante esta tarefa os animais permaneceram em restrição alimentar (recebendo 80% do consumo normal de ração).
Tanto os machos, quanto as fêmeas aprenderam a tarefa no decurso do experimento (durante o aprendizado F(1,13) = 28,43; P<0,001 para machos; F(1,16) = 55,85; P<0,001 para fêmeas e durante o aprendizado reverso F(1,13) = 111,46; P<0,001 para machos; F(1,16) = 55,78; P<0,001 para fêmeas). No entanto, no caso das fêmeas, os animais manipulados aprenderam mais rápido que os controles a tarefa na primeira etapa do aprendizado F(1,16) = 12,92; P=0,002. Já nos machos, os animais manipulados aprenderam mais lentamente que os animais controles na etapa de aprendizado reverso. Por exemplo, na segunda tentativa do primeiro dia do aprendizado reverso, o grupo controle acertou 83,3%, enquanto o grupo manipulado acertou 16,7%. Isso denota que os machos manipulados persistem na busca do alvo antigo e que por isso demoram mais para atingir o critério no aprendizado reverso.
Indubitavelmente a manipulação neonatal provoca conseqüências diversas em machos e fêmeas quanto ao aprendizado de uma tarefa apetitiva e o aprendizado reverso da mesma tarefa, beneficiando as fêmeas no aprendizado e prejudicando os machos no aprendizado reverso.
Palavras-chave: manipulação neonatal, labirinto em Y, tarefa apetitiva, aprendizado, aprenizado reverso |