Resumo

Existem evidências de que células mesenquimais usadas no tratamento experimental de lesões no sistema nervoso central e periférico podem promover melhora funcional dos animais tratados. Entretanto ainda não são completamente conhecidos os mecanismos moleculares e celulares associados a esta melhora funcional. A proposta deste trabalho é estudar in vitro a interação entre as células mesenquimais derivadas de tecido adiposo humano (hAT-MSC) e progenitores neurais, avaliando a capacidade das células mesenquimais ou de fatores produzidos por estas em promover: proliferação, diferenciação, neuritogênese e/ou sobrevivência neuronal. A obtenção dos progenitores neurais é feita pelo isolamento e dissociação do córtex cerebral de ratos embrionários (E14). Após serem isoladas, estas células são plaqueadas sobre matrizes de laminina ou de poli-ornitina e cultivadas na presença de meio de cultura condicionado ou não durante 24h pelas hAT-MSC. As culturas são fixadas 24h após o plaqueamento e submetidas a procedimento de imunocitoquímica. A neuritogênese, a sobrevivência e a diferenciação são quantificadas através da análise das imagens utilizando o software imagePro. Quando os progenitores neurais foram plaqueados sobre a poli-ornitina e cultivados em meio condicionado observou-se um aumento de 20% na população de células em relação ao número observado na presença de meio controle. Adicionalmente, os neuritos emitidos em meio condicionado crescem cerca de 40% mais do que nas condições controle. Quando plaqueados sobre matriz de laminina polimerizada em pH 4 houve um aumento da neuritogênese comparável àquele observado com o meio condicionado sobre poli-ornitina. Interessantemente, a adição do meio condicionado ao cultivo de células sobre laminina levou a um aumento no número de células e da neuritogênese tão expressivo que inviabilizou qualquer forma de quantificação. Nossos dados sugerem que a matriz e o meio condicionado tenham um efeito sinérgico sobre a maturação dos precursores neurais, o que explica o efeito neurorregenerativo induzido in vivo pelas hAT-MSC. Além disso, o possível efeito sinérgico entre laminina e hAT-MSC é indicativo de um benefício adicional da combinação futura dos dois tratamentos em medicina regenerativa.