Resumo

Estudos em ratos têm demonstrado os efeitos da separação materna sobre os filhotes, considerando seu desenvolvimento e os efeitos produzidos a longo prazo. Por outro lado, pouco tem sido estudado sobre os efeitos nas ratas genitoras quando estas são submetidas a separações de seus filhotes. Em modelos de estresse crônico e depressão, estudos têm demonstrado alterações em parâmetros de estresse oxidativo. Este trabalho tem por objetivo verificar os efeitos de diferentes intervenções no período pós-parto sobre parâmetros de estresse oxidativo em hipocampo e estriado de ratas genitoras. Foram usadas 25 ratas Wistar prenhes que foram divididas em três grupos: Controles (as ninhadas sem qualquer tipo de manipulação até o desmame); Manipuladas (filhotes separados de suas mães por 10 min/dia dos dias 1 a 10 de vida); Separadas (filhotes separados de suas mães por 3 h/dia dos dias 1 a 10 de vida). O desmame foi realizado no dia 21 pós-natal e as genitoras foram sacrificadas. Foram analisados a atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD), avaliada pelo kit Randox, glutationa peroxidase (GPx), pelo consumo de NADPH, e catalase (CAT), pela degradação de peróxido de hidrogênio; também foi medida a produção de radicais livres através da oxidação da diclorofluoresceína (DCF) e a produção de óxido nítrico, através da avaliação de nitritos e nitratos. Os resultados mostraram não haver diferenças significativas na atividade das enzimas antioxidantes [ANOVA, p > 0,05; SOD: estriado, Cont: 4,67 ± 0,60; Manip: 7,64 ± 1,55; Sep:4,48 ± 0,54 U/mg proteína; hipocampo, Cont: 3,87 ± 0,67; Manip: 4,70 ± 0,86; Sep: 3,56 ± 0,75 U/mg proteína; GPx: estriado, Cont: 1,09 ± 0,23; Manip: 1,29 ± 0,31; Sep: 0,72± 0,22 nmol NADPH oxidado/min/mg proteína; hipocampo, Cont: 0,60 ± 0,11; Manip: 0,72 ± 0,12; Sep: 0,48± 0,16 nmol NADPH oxidado/min/mg proteína; CAT: estriado, Cont: 2,36 ± 0,95; Manip: 3,61 ± 0,98; Sep: 2,59 ± 1,14 mol H2O2 degradado/min/mg proteína; Hipocampo, Cont: 2,26 ± 0,76; Manip: 3,72 ± 0,73; Sep: 1,84 ± 0,82 mol H2O2 degradado/min/mg proteína]. Também não foram observadas diferenças para a medida de produção de radicais livres pelo teste do DCF [p > 0,05; estriado, Cont: 2,47 ± 0,26; Manip: 2,39 ± 0,26; Sep: 1,89 ± 0,80 nmol/mg de proteína; Hipocampo, Cont: 2,09 ± 0,17; Manip: 1,87 ± 0,06; Sep: 2,04 ± 0,24 nmol/mg de proteína]. Já para a medida de produção de óxido nítrico, foi verificada uma diminuição nos níveis de nitritos e nitratos em hipocampo no grupo separação materna [p < 0,05; Cont: 3,25 ± 0,53; Manip: 3,47 ± 0,96; Sep: 2,37 ± 0,46 nmol/mg proteína; Post-hoc, SNK), sem diferença significativa no estriado [Cont: 3,47 ± 0,73; Manip: 3,22 ± 0,74; Sep: 2,88 ± 0,95 nmol/mg proteína] Conclusão: nossos resultados demonstram que a separação materna parece não afetar o sistema de produção de radicais livres nas regiões cerebrais estudadas, não causando um dano oxidativo significativo. A diminuição na produção de óxido nítrico nas genitoras do grupo separado poderia ser causada por uma diminuição na atividade ou perda dos neurônios hipocampais produtores de óxido nítrico. Essa diminuição no óxido nítrico pode levar a danos no aprendizado e na memória, achados observados na literatura em modelos de estresse crônico e depressão. Entretanto, mais estudos são necessários para compreender as implicâncias desses resultados. Apoio: CNPq