Prêmio
J.025 | EFEITOS DO TRATAMENTO AGUDO COM CANABINÓIDES EM UM MODELO EXPERIMENTAL DA DOENÇA DE PARKINSON EM RATOS | Autores: | Gabriela Pena Chaves (ICB - Instituto de Ciências BiomédicasICB - Instituto de Ciências BiomédicasICB - Instituto de Ciências BiomédicasICB - Instituto de Ciências Biomédicas) ; Caroline Cristiano Real (ICB - Instituto de Ciências Biomédicas) ; Luiz Roberto Giorgetti de Britto (ICB - Instituto de Ciências Biomédicas) ; Andréa da Silva Torrão (ICB - Instituto de Ciências Biomédicas) |
Resumo Objetivos: O sistema canabinóide parece exercer um papel modulador em vários processos neurobiológicos, incluindo processos de neuroproteção, neurodegeneração e plasticidade neuronal. Alguns trabalhos têm sugerido uma possível participação do sistema canabinóide no processo neurodegenerativo da Doença de Parkinson (DP). Entretanto, os estudos sobre as relações do sistema canabinóide com a DP ainda são muito controversos. O objetivo deste trabalho foi investigar as possíveis alterações neuroquímicas e comportamentais decorrentes do pós-tratamento agudo com agentes canabinóides no modelo experimental da DP induzida pela injeção intraestriatal de 6 hidroxidopamina (6-OHDA) .
Métodos: Ratos Wistar machos de 70 dias receberam injeções unilaterais de 6-OHDA (12µg) no estriado direito. Os animais foram então divididos em 3 grupos: (1) tratados com ACEA 2mg/kg (agonista canabinóide), (2) tratados com ACEA + AM 251 (antagonista canabinóide) ambos 2mg/kg, e (3) tratados com DMSO (veículo). Os animais receberam os compostos canabinóides ou o veículo (uma dose diária) no 1º, 2º, 3º e 4º dia após a injeção de 6-OHDA. Após 7 e 15 dias da injeção de 6-OHDA os animais foram submetidos aos testes comportamentais de Campo Aberto (CA) e de Rotação induzida por apomorfina (0.5 mg/g). Para investigar as alterações neuroquímicas os estriados foram submetidos à técnica de immunoblotting onde foram analisadas a enzima limitante de síntese da dopamina, a tirosina-hidroxilase (TH), para investigar a neurodegeneração de neurônios dopaminérgicos e as proteínas gliais marcadoras de astrócitos (GFAP), e de microglia (Ox42). Os resultados do CA foram analisados pela análise de variância (ANOVA) de uma via e os do immunoblotting por teste t pareado.
Resultados: 7 dias após a injeção de 6-OHDA houve diferença no parâmetro levantar comparando os grupos com injeção de 6-OHDA e o grupo SHAM (DMSO p< 0.05, ACEA p<0.001, ACEA e AM 251 p<0.01). Após 15 dias o grupo ACEA foi o único que manteve a diferença com o grupo SHAM (p<0.01). O immunoblotting mostrou uma diminuição da expressão de TH no lado lesado de todos os grupos quando comparados com seus controles, DMSO diminuição de 57% (n=5, p<0.001), ACEA diminuição de 76% (n=5, p<0.001) e ACEA + AM 251 diminuição de 37% (n=5, p<0.05). Além disso, houve alteração da expressão de TH no estriado lesado dos animais tratados com ACEA e com ACEA + AM 251 em comparação ao estriado lesado dos amimais tratados com DMSO. Entretanto, o grupo ACEA apresentou uma diminuição de aproximadamente 19% (n=5, p<0.05) enquanto o grupo ACEA + AM 251 apresentou um aumento de aproximadamente 35% (n=5, p<0.01). Para as outras proteínas avaliadas não houve alteração da expressão entre os grupos.
Conclusão: Nossos resultados sugerem que o tratamento com ACEA agrava o processo neurodegenerativo causado pela 6-OHDA no estriado, já que neste grupo a expressão de TH foi menor que no grupo tratado com DMSO. Já o tratamento com ACEA + AM 251 mostrou uma melhora no quadro da degeneração, já que houve menos morte de neurônios dopaminérgicos quando comparados ao grupo tratado com DMSO. Os testes comportamentais confirmam os resultados encontrados nos estudos neuroquímicos para o grupo ACEA. De maneira geral, os canabinóides parecem participar dos mecanismos relacionados aos processos de neurodegeneração no modelo de DP experimental induzida por 6-OHDA. Palavras-chave: Sistema canabinóide, Doença de Parkinson, Neurodegeneração, Neuroproteção, 6-OHDA |