Prêmio
J.067 | EXPOSIÇÃO DE CAMUNDONGOS ADULTOS AO PESTICIDA ORGANOFOSFORADO METAMIDOFÓS CAUSA INFRA-REGULAÇÃO DE RECEPTORES SEROTONINÉRGICOS | Autores: | Carla Soares de Lima (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ; Anderson Ribeiro Carvalho (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ; André Luiz Nunes Freitas (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ; Alex Christian Manhães (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ; Cláudio Carneiro Filgueiras (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ; Armando Meyer (IESC/UFRJ - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva) ; Yael de Abreu Villaça (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) |
Resumo Introdução: Em nossos estudos prévios detectamos um aumento no tempo de imobilidade (indicador de comportamento associado à depressão) após exposição de camundongos adultos ao pesticida organofosforado metamidofós, reforçando a hipótese de que a exposição a organofosforados está fortemente relacionada à depressão. Embora nossos resultados comportamentais e vários estudos epidemiológicos indiquem esta associação, não há bases neurobiológicas que a expliquem. Assim, no presente estudo nós avaliamos o sistema serotoninérgico de animais expostos a metamidofós.
Metodologia: De PN60 a PN89 (PN=dia de vida pós-natal), camundongos Suíços machos adultos (n=42) foram tratados com metamidofós, nas concentrações de 1,31mg/mL (grupo MENOR DOSE) ou 5,25mg/mL (grupo MAIOR DOSE) na água que bebiam. O grupo controle (CT) recebeu veículo. Os animais foram sacrificados ao final da exposição (PN88) ou dez dias após o seu término (PN98) e as regiões cerebrais foram dissecadas e estocadas a -45ºC para posterior análise bioquímica. Nós avaliamos 3 biomarcadores serotoninérgicos: ligação do [3H]OH-DPAT ao receptor 5HT1A, ligação da [3H]ketanserina ao receptor 5HT2 e ligação da [3H]paroxetina ao transportador pré-sináptico de serotonina (5HTT) no córtex cerebral e no mesencéfalo dos camundongos.
Resultados: No córtex cerebral, metamidofós promoveu infra-regulação do receptor 5HT2 no grupo MAIOR DOSE em relação ao grupo CT durante a exposição (26,5±2,4 fmol/mg de ptn vs. 36,4±2,8 fmol/mg de ptn; P=0,014). O 5HTT sofreu infra-regulação também no grupo MAIOR DOSE, porém a mesma foi identificada apenas 10 dias após o final da exposição (MAIOR DOSE: 169,7±7 fmol/mg de ptn; CT: 188,1±7,4 fmol/mg de ptn; P=0,045). No mesencéfalo houve infra-regulação do receptor 5HT2 no grupo MENOR DOSE em relação ao CT (6,1±1,3 fmol/mg de ptn vs. 14,1±2,9 fmol/mg de ptn; P=0,017) e uma tendência de redução no grupo MAIOR DOSE (MAIOR DOSE: 8,3±1,3 fmol/mg de ptn; CT: 14,1±2,9 fmol/mg de ptn; P=0,072) durante a exposição. Houve infra-regulação do 5HTT tanto no grupo MAIOR DOSE (MAIOR DOSE: 315,7±11,3 fmol/mg de ptn; CT: 390,9±20,6 fmol/mg de ptn; P=0,002) quanto no grupo MENOR DOSE (MENOR DOSE: 328,3±7,9 fmol/mg de ptn; CT: 390,9±20,6 fmol/mg de ptn; P=0,006) comparados ao grupo CT durante a exposição.
Conclusão: Nossos resultados indicam que a exposição ao pesticida organofosforado metamidofós na idade adulta interfere na transmissão sináptica serotoninérgica promovendo infra-regulação de receptores específicos e do transportador pré-sináptico de serotonina, o que pode sugerir um possível mecanismo bioquímico que explique o envolvimento destas drogas com transtornos de humor.
Palavras-chave: metamidofós, sistema serotoninérgico, depressão |