SBNeC 2010
Resumo:J.185


Poster (Painel)
J.185Efeitos do pré-tratamento com memantina em um modelo de neurodegeneração induzido pelo ácido ocadáico
Autores:Eduardo Rigon Zimmer (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Clarissa Branco Haas (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Eduardo Kalinine (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Diogo Onofre de Souza (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Alexandre Pastoris Muller (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Luis Valmor Cruz Portela (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

Resumo

O aumento da expectativa de vida da população têm contribuído para o aumento da prevalência de doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer (DA). As investigações dos mecanismos fisiopatológicos da DA foram inicialmente direcionadas para o entendimento das alterações funcionais do sistema colinérgico. Mais recentemente, o glutamato, que é um dos principais neurotransmissores excitatórios, também foi implicado nessa patologia. A hiperestimulação do sistema glutamatérgico pode exercer um efeito excitotóxico, via uma abertura aberrante do canal ionótropico do receptor N-metill-D-aspartato (NMDA). Em pacientes portadores da DA o sistema glutamatérgico parece estar hiperestimulado muito tempo antes dos primeiros sinais sintomatológicos da doença. Sendo assim, seus receptores se tornaram alvo de estudos farmacológicos. A memantina (MN) é uma das principais drogas utilizadas no tratamento da DA. Trata-se de um antagonista não competitivo de baixa afinidade da subunidade N2RB do receptor NMDA, que bloqueia parcialmente o influxo excessivo de cálcio decorrente do aumento de glutamato na fenda sináptica, mas mantém a atividade do receptor em níveis fisiológicos. A administração intracerebral de ácido ocadáico (AO), uma potente neurotoxina, tem sido muito utilizada como um modelo de neurodegeneração, pois causa alterações morfológicas e funcionais similares à DA. Objetivos: O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos do pré-tratamento com memantina (MN) em um modelo de neurodegeneração em ratos. Para tanto, utilizamos uma injeção intra-hipocampal de ácido ocadáico (AO) e avaliamos parâmetros comportamentais e neuroquímicos. Métodos: Foram utilizados 40 ratos wistar machos, adultos que foram tratados com MN (20 mg/kg intraperitoneal) e/ou AO (100 ng intra-hipocampal). Os animas foram divididos nos seguintes grupos: controle, MN , AO e AO/MN (n=10/grupo). Durante o tratamento com MN os animais foram monitorados em relação a ingestão de ração e massa corporal. Foram avaliadas a locomoção espontânea no campo aberto e a memória espacial no labirinto aquático de Morris. Além disso, foram medidos os níveis de glutamato e da proteína S100B no líquido cefalorraquidiano (LCR). O tratamento seguiu as normas governamentais oficiais de acordo com a Federação de Sociedades Brasileiras de Biologia Experimental e foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil. Resultados: A MN causou perda de massa corporal. A administração intra-hipocampal de AO piorou o desempenho na fase de aquisição no labirinto aquático de Morris, sem que houvesse uma alteração da função locomotora dos ratos. A MN reverteu os efeitos do AO na fase de aquisição no labirinto aquático de Morris. Em parâmetros neuroquímicos o AO causou um aumento dos níveis de glutamato no LCR e a MN reverteu esse aumento. O grupo MN/AO teve um aumento nos níveis de S100B no LCR. Neste estudo, o pré-tratamento com MN melhorou aspectos cognitivos e atenuou os danos associados à excitotoxicidade do glutamato. Conclusões: Considerando nossos resultados podemos postular que um pré-tratamento com MN poderia ser eficaz para prevenção de doenças neurodegenerativas, como a DA.


Palavras-chave:  Alzheimer, Cognição, Memantina, Ácido Ocadáico