Resumo

Exposição repetida ao estresse pode promover sensibilização comportamental cruzada com a anfetamina. Esse comportamento indica a presença de neuroadaptações relacionadas à transição do uso ocasional para a dependência. Embora os efeitos da exposição repetida ao estresse sobre a resposta locomotora da anfetamina já tenha sido demonstrada, a influência da exposição aguda ao estresse sobre esse comportamento ainda não foi elucidado. Além disso, os efeitos do estresse, bem como, da anfetamina parecem diferir entre adultos e adolescentes. OBJETIVO: Estudar se a exposição ao estresse agudo de imobilização promoveria sensibilização comportamental cruzada com a anfetamina em ratos adolescentes e adultos. MÉTODOS: Ratos machos Wistar adolescentes (dia pós-natal 36; n=8-10 por grupo) e adultos (dia pós-natal 67; n=8-10, por grupo) foram imobilizados em tubos de PVC por 2 horas e em seguida os animais foram colocados em uma caixa de registro automático da atividade locomotora por 20 minutos para habituação. Imediatamente, receberam injeção intraperitoneal de salina (NaCl 0,9%) ou anfetamina (1,0 mg/kg) e a locomoção foi registrada por 40 minutos. Os animais do grupo controle não foram submetidos ao protocolo de estresse. Então foram formados os grupos estresse-salina (EST-SAL); estresse-anfetamina (EST-ANF); controle-salina (CONT-SAL); controle-anfetamina (CONT-ANF). RESULTADOS: Os valores representam a média ± EPM e foram analisados por ANOVA bifatorial (estresse x tratamento), seguido pelo teste de Newmam-Keuls. Em animais adultos e adolescentes os grupos EST-ANF (adulto: 2525±256 e adolescente: 4022±809) e CONT-ANF (adulto: 2813±901 e adolescente: 3316±455) apresentaram maior atividade locomotora quando comparados aos grupos EST-SAL (adulto: 1152±700 e adolescente: 681±149) e CONT-SAL (adulto: 721±449 e adolescente: 1681±483); p<0,05. Nenhuma outra diferença estatística foi observada. CONCLUSÃO: A exposição repetida ao estresse em animais adultos e adolescentes não modificou a resposta aguda a anfetamina.