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J.155 | Redução da inflamação e estímulo da regeneração nervosa periférica após esmagamento do nervo isquiático em animais MDX submetidos ao tratamento com fator estimulante de colônias de granulócitos (G-CSF) | Autores: | Gustavo Ferreira Simões Simões (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Alexandre Leite Rodrigues de Oliveira Oliveira (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) |
Resumo O fator estimulador de colônias granulocitárias (G-CSF) é uma glicoproteína descrita há mais de vinte anos, que possui propriedades imunorreguladoras, diretamente relacionadas com a estimulação de vias anti-inflamatórias. Além do efeito sistêmico, mais recentemente tem-se demonstrado uma importante atividade do G-CSF no sistema nervoso central (SNC). Esse tipo de resposta no SNC pode influenciar no processo de regeneração nervosa e da função motora durante o curso de doenças neuromusculares, como as distrofias musculares. Assim, os objetivos deste trabalho foram investigar a regeneração nervosa periférica e a recuperação da função motora em animais MDX (modelo experimental da distrofia muscular de Duchenne). Nesse sentido, camundongos MDX, machos, com 6 semanas de idade, foram tratados, por via subcutânea, com doses de 200 µg/kg/dia de G-CSF, sete dias antes e sete dias após esmagamento do nervo isquiático esquerdo. Animais da linhagem C57BL/10 foram utilizados como controle. A lesão foi realizada após o primeiro ciclo de degeneração/regeneração muscular, já descrito em tal modelo de distrofia muscular. Após lesão, os animais foram mantidos em biotério SPF por três semanas. A recuperação da função motora foi monitorada durante três semanas, em dias alternados, utilizando o sistema de quantificação da marcha em modelos de roedores CatWalk TM (Noldus Information Technology). Os animais foram sacrificados e os nervos isquiáticos processados para imunoistoquímica, onde posteriormente foram utilizados os anticorpos primários anti-p75NTR (receptor de baixa afinidade para neurotrofinas) e anti-neurofilamentos. Os resultados demonstram que os animais MDX apresentam déficit motor significativo em relação aos animais controle, antes mesmo da lesão (MDX + G-CSF, 156,05 ± 8,50, média + EP; C57BL/10 + G-CSF 261,35 ± 19,81, índice funcional do nervo isquiático, p<0,001). A redução da função motora pode estar relacionada diretamente aos ciclos de degeneração muscular que esses animais sofrem a partir da segunda semana de vida. A curva de recuperação motora manteve-se similar entre as duas linhagens, porém os animais MDX apresentaram um patamar significativamente inferior em relação à função motora ao final de três semanas (MDX + G-CSF, 155,89 ± 22,89; C57BL/10 + G-CSF 265,19 ± 14,69, p<0,01). Os animais MDX apresentaram redução significativa da área de impressão plantar, mesmo na pata posterior normal, em relação aos animais C57BL/10 MDX + G-CSF, 14,60 ± 0,99; C57BL/10 + G-CSF 18,66 ± 0,75, p<0,01). Através da imunoistoquímica para p75NTR, foi observada marcação mais intensa em animais MDX sem tratamento e tratados com G-CSF. Adicionalmente, a imunomarcação anti-neurofilamentos mostrou melhor reorganização de fibras regeneradas em animais tratados com G-CSF. Apesar dos animais MDX apresentarem uma menor função motora em relação aos animais controle, os resultados indicam que o tratamento com G-CSF é capaz de atuar positivamente no processo de regeneração nervosa periférica após esmagamento do nervo isquiático. Palavras-chave: DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE, G-CSF, ESMAGAMENTO DO NERVO ISQUIATICO, CATWALK |