Poster (Painel)
J.245 | Avaliação de parâmetros comportamentais em animais expostos ao material particulado em nível ambiental e submetidos ao estresse crônico de restrição. | Autores: | Giovana Duzzo Gamaro (UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da SaúdeUFPEL - Universidade Federal de Pelotas) ; Gustavo Portella (UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde) ; Paulo Hilário Nascimento Saldiva (USP - Universidade de São Paulo) ; Cláudia Ramos Rhoden (UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde) |
Resumo A atmosfera é constituída por vários tipos de gases e material particulado (MP). O MP é constituído por uma mistura complexa de de componetes orgânicos e inorgânicos de tamanhos variados geralmente invisíveis, mas, coletivamente podem aparecer como nuvens em suspensão movimentadas pelos ventos. Vários estudos epidemiológicos têm relacionado à exposição ao MP a uma série de efeitos adversos nos sistemas respiratório, cardio-vascular e reprodutivo.Porém pouco se sabe a respeito de alterações neurocomportamentais frente à ação de poluentes. A ativação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) que regula e integra muitas funções fisiológicas em resposta a estressores ambientais, resulta na secreção de glicocorticóides, pelas glândulas supra-renais,responsáveis por alterações fisiológicas que incluem efeitos sobre o metabolismo intermediário, crescimento e resposta inflamatória. A exposição a poluentes pode gerar alteração da função das supra-renais com consequencias relacionadas as capacidades cognitivas e nas funções imunológicas. Além disso,situações de estresse modulam sistemas de neurotransmissores que atuam na modulação de comportamentos visando adaptação do organismo frente a tal situação.
O objetivo desse trabalho é avaliar os efeitos da exposição ao MP em animais cronicamente estressados nas tarefas comportamentais: Labirinto em Cruz-Elevado e Campo Aberto. Foram utilizados ratos Wistar machos com 2 meses divididos em dois grupos: controle (C) e estresse (E). O grupo C permaneceu durante 40 dias sofrendo apenas manipulação para limpeza das caixas moradia. Os animais do grupo E foram submetidos ao modelo de estresse crônico de restrição 1h por dia (manhã) 5 dias/ semana por 40 dias. Ambos os grupos foram subdivididos em expostos ao MP (S) e não expostos (L). Os animais permaneciam no Biotério Experimental da UFCSPA, em dois compartimentos distintos. O S foi colocado no compartimento que recebia ar atmosférico do ambiente. O grupo L permanecia em ambiente que recebia ar filtrado por meio de filtros mecânicos, químicos e HEPA. Desta forma foram avaliados 4 grupos de animais. O grupo exposto ao MP: Controle (CS) e Estresse (ES) e não expostos ao MP: Controle (CL) e Estresse (EL). Após o término do período de estresse os animais foram submetidos às tarefas comportamentais no período inverso ao da aplicação ao estresse (tarde). Todos procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética da Instituição sob código 689/08.
Os animais expostos ao MP apresentaram maior freqüência no número de entradas no braço aberto no LCE (CS 2,3 + 0,3; ES 2,3 + 0,4) em comparação com o não exposto (CL 0,8 + 0,4; EL 1,1 + 0,4), independente do grupo ser submetido ou não ao estresse (ANOVA de duas vias P< 0,001 seguida de Tukey). Em relação ao braço fechado não foi encontrada diferença entre os grupos (CS 9,4 + 1,2; ES 9,1 + 1,2; CL 8,2 + 1,1; EL 8,1 + 1,2 ANOVA de duas vias P > 0,005) bem como no tempo de permanência em ambos braços (ANOVA de duas vias P > 0,005).Nos parâmetros avaliados no CA como respostas de orientação e cruzamentos não houve diferença entre os grupos.Os resultados obtidos sugerem que a exposição ao MP pode estar envolvida na alteração comportamental observada apenas no braço aberto do LCE. Estes resultados são preliminares e deverão ser complementados pela realização de outras tarefas comportamentais e dosagens bioquímicas que auxiliem na interpretação dos resultados. Palavras-chave: poluição atmosférica, estresse, comportamento |