Poster (Painel)
I.010 | Análise de discurso na mídia: Neurociência e a manutenção de um cérebro saudável.
| Autores: | Magda Suzana Novo (FURG - Universidade Federal do Rio Grande) ; Fernanda Hammes de Carvalho (FURG - Universidade Federal do Rio Grande) |
Resumo A ciência tem cumprido com seu papel em termos de divulgação dos seus achados nas mais diversas áreas, desempenhando função pedagógica-cultural, atuando como um meio de produção e divulgação de discursos. Os artefatos culturais tem se revelado um profícuo meio de informação científica, sendo instrumentos que ajudam a constituir as formas de agir e de ser dos sujeitos. Nesse sentido, as revistas exercem na sociedade e na cultura grande influência, contribuindo na educação informal acerca dos mais variados assuntos. Entretanto, adotando a noção de poder de Foucault, é possível inferir que através dos discursos das revistas opera um poder, pois essas ao produzirem discursos investem de uma vontade de verdade, exercendo sobre os sujeitos leitores um controle via seus enunciados, os quais trazem informações que poderão influenciar mudanças de hábitos. Assim, o poder exercido pela revista é imposto por meio do saber formulado para modificar o campo de informações do leitor. Contudo, não se trata de uma dominação plena, pois ao leitor cabe usar de liberdade e gerar mudanças nessa relação de poder, a resistência é prova de que existe espaço para intervenções, oscilações, inversões. Um dos assuntos comumente abordados pelas revistas, refere-se às descobertas neurocientíficas sobre o cérebro nas diferentes idades. Desta forma, o trabalho, tendo como referência a perspectiva Foucaultiana, objetivou analisar 3 discursos sobre neurociências presentes nas Revistas, Época, Veja e Vida Natural, sendo foco temas neurocientíficos ligados ao envelhecimento. Considerando que o trabalho está em andamento, os dados oriundos da análise da notícia veiculada na Revista Vida Natural permitem inferir que o discurso apresentado utiliza estratégias de poder sobre os leitores, pois ao ser legitimado pela interlocução com pesquisadores e médicos da área, tem sua força de efeito ampliada. É perceptível que as falas dos cientistas e médicos agregam valor aos enunciados produzidos pelos jornalistas, caracterizando a pré-constituição dos discursos, demonstrando a relação existente entre o discurso que se faz e os discursos prévios construídos em outros lugares e em outros momentos. Nas afirmações “Deixar o cérebro afiado só depende de você”, “Fique mais inteligente”, “ O segredo de uma velhice saudável está em estimulá-lo com atividades intelectuais e físicas” há um “empoderamento” do sujeito diante da possibilidade de controlar os aspectos cognitivos do envelhecimento. Entretanto, na evolução do discurso o autor, ao afirmar “Sabe-se que o envelhecimento diminui a atividade celular, e o pensamento fica mais lento”, demonstra que esse poder sobre a própria memória é limitado, pois reconhece o declínio fisiológico e genético natural dessa fase de vida. Essa ambiguidade também pode ser percebida no discurso visual, sendo que os enunciados tem como foco atingir o público idoso, mas as fotos inseridas ao longo da reportagem, em sua maioria, apresentam jovens. Importa ainda ressaltar que são apontadas alternativas para manter o cérebro saudável, mas através do léxico (sugerem, pode-se) desloca o compromisso do autor com a certeza. É indiscutível que este tipo de matéria permite uma aproximação do público com conhecimentos científicos, mas como toda formação discursiva midiática, deve ter seu conteúdo sujeito a uma leitura crítica. Afinal, a divulgação de achados científicos não apresenta verdades absolutas e acabadas, pois a ciência encontra-se em permanente transformação. Palavras-chave: neurociência, artefatos culturais, discurso da mídia, análise de discurso |