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A.040 | Tamanho do encéfalo em primatas: função direta do número de neurônios, mas não do tamanho do corpo | Autores: | Mariana Gabi (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Christine Collins (VU - Vanderbilt University) ; Peiyan Wong (VU - Vanderbilt University) ; Jon Kaas (VU - Vanderbilt University) ; Suzana Herculano-houzel (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) |
Resumo Quais são as regras relacionando o tamanho do encáfalo e suas estruturas com o número de células que os compõem e seu tamanho médio? Nós mostramos anteriormente que o córtex cerebral, o cerebelo e as áreas restantes do encéfalo aumentam em tamanho como uma função linear de seus números de neurônios e células não neuronais entre seis espécies de primates (Herculano-Houzel et al.,2007). Aqui nós investigamos se essas regras são particulares às espécies investigadas ou se estendem a outros primatas.
Nós determinamos números de neurônios e células não-neuronais no córtex cerebral, cerebelo, e áreas restantes em indivíduos adultos de Microcebus murinus, Callimico goeldii, Macaca radiata, Macaca fascicularis e Papio cynocephalus anubis usando o fracionador isotrópico. Os números obtidos foram comparados com os valores encontrados na amostra anterior de seis espécies de primatas. Os valores para o total de 11 espécies foram então combinados para examinar se as regras de alometria neuronal para a amostra combinada são semelhantes aos identificados anteriormente.
Nossos resultados mostram que a composição celular das estruturas encefálicas das cinco novas espécies de primatas, e também do encéfalo humano, desviam do esperado para sua massa tipicamente em no máximo 20%, e estão em conformidade com as regras de alometria identificadas anteriormente. Da mesma forma, as funções potência que descrevem a variação de massa das estruturas conforme sua composição celular são similares às determinadas anteriormente. Correção para as relações filogenéticas das espécies analisadas não afeta os expoentes que se aplicam ao córtex cerebral e cerebelo, mas altera o expoente que relaciona a massa das áreas restantes ao seu número de neurônios, aproximando-o de um valor que é similar ao observado nos roedores. isso sugere que as regras de alometria neuronais para essas estruturas são compartilhadas entre roedores e primatas.
A conformidade da nova amostra de primatas às regras neuronais encontradas anteriormente sugere fortemente que essas regras de alometria neuronal se aplicam a primatas em geral, incluindo humanos (Azevedo et al.,2009), e não apenas a subgrupos particulares de primatas. Em contraste, observamos que as regras alométricas que relacionam o tamanho do corpo e o tamanho do encéfalo são altamente sensíveis ao conjunto particular de espécies analisadas. Enquanto a massa do encéfalo é um bom preditor do seu número de neurônios, a massa do corpo não é. Isso sugere que a massa do encéfalo não é determinada pela massa do corpo nem juntamente com esta. Ao invés disso, o tamanho do corpo parece apenas fracamente relacionado ao tamanho do encéfalo.
Palavras-chave: primatas, alometria, tamanho do encéfalo, número de neurônios, evolução |