Poster (Painel)
H.013 | DESLOCAMENTO PLÁSTICO DO MAPA SOMESTÉSICO CORTICAL EM INDIVÍDUOS ADULTOS AMPUTADOS DE UM MEMBRO INFERIOR. | Autores: | Elington Lannes Simões (ICB-UFRJ - Intituto de Ciências Biomédicas da UFRJ) ; Ivanei Bramati (LABS D'OR - Instituto D´Or de Pesquisa e Ensino) ; Miatã Guedes (LABS D'OR - Instituto D´Or de Pesquisa e Ensino) ; Ana Cristina Franzoi (ABBR - Associação Brasileira Beneficiente de Reabilitação) ; Roberto Lent (ICB-UFRJ - Intituto de Ciências Biomédicas da UFRJ) ; Fernanda Tovar-moll (ICB-UFRJ - Intituto de Ciências Biomédicas da UFRJLABS D'OR - Instituto D´Or de Pesquisa e Ensino) |
Resumo Objetivos: Investigar a existência de plasticidade cortical em indivíduos amputados de um membro inferior, portadores de sensação fantasma porém sem dor fantasma concomitante, utilizando neuroimagem de ressonância magnética funcional.
Métodos: Para o estudo, foram selecionados 9 pacientes amputados de membro inferior (transtibiais ou transfemurais, 5 homens e 4 mulheres, idades entre 18 e 41 anos), de origem traumática ou oncológica e tempo de amputação mínimo de 7 anos. Nove indivíduos não amputados participaram como controles, pareados para sexo e idade. Os 18 participantes assinaram termo de consentimento informado de participação em pesquisa clínica e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética segundo normas do CNS/CONEP. Cada indivíduo foi submetido a uma bateria de aquisição de imagens em equipamento de ressonância magnética de 3 T(Achieva, Philips Medical Systems), que incluiu as seguintes sequências: turbo spin echo ponderadas em T2, FLAIR, volumétrica 3D de alta resolução ponderada em T1 e sequências EPI funcionais, segundo o efeito BOLD. Nesta última, aplicou-se um estímulo sensitivo tátil padrão no coto de amputação, na região homóloga à parte estimulada do coto e na região dorsal do pé remanescente para os amputados. Nos controles, estimulou-se a região homóloga a cada amputado pareado e os dois pés. Na etapa de processamento, os mapas de ativação sensitivos, com ênfase no córtex somestésico primário (S1), foram analisados para cada indivíduo utilizando um software específico para processamento de neuroimagem funcional (SPM8 Statistical Parametric Mapping, UCL, Wellcome Trust Center for Neuroimaging, London). As imagens foram pré-processadas, realinhadas, corrigidas temporalmente, normalizadas espacialmente (sistema de coordenadas padrão - MNI) e suavizadas. Um modelo estatístico paramétrico (GLM - General Linear Model) foi utilizado voxel-a-voxel, para criar os mapas de ativação sensitivos, representando as diferenças estatísticas (SPM - t-test) entre pacientes e controles.
Resultados: Observamos uma clara expansão dos mapas de ativação da representação sensitiva do coto de amputação em S1 do hemisfério deaferentado abrangendo até regiões de representações vizinhas como tronco e membro superior e até mesmo o córtex motor. Houve também, entre os amputados, consistente ativação de S1 ipsilateral à amputação.
Conclusões: O remapeamento funcional de S1 também ocorre em indivíduos que sofreram amputação do membro inferior. No entanto, em contraste ao relatado na literatura, essas alterações neuroplásticas não ocorrem apenas em indivíduos portadores de dor fantasma, mas também naqueles que relatam somente a presença da sensação fantasma.
Palavras-chave: amputado, mapa somestésico, membro fantasma, neuroplasticidade, ressonancia magnética funcional |