Prêmio
J.100 | Efeito Neuroprotetor da toxina Tx3-4 da aranha Phoneutria nigriventer na Isquemia Cerebral em Ratos Wistar. | Autores: | Maira de Castro Lima (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Daniela Fontes Gonçalves (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Marta do Nascimento Cordeiro (FUNED - Fundação Ezequiel Dias) ; Michael Richardson (FUNED - Fundação Ezequiel Dias) ; Marcus Vinicius Gomez (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Márcio Flávio Dutra Moraes (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; André Ricardo Massensini (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) |
Resumo Objetivos - Pesquisadores brasileiros descreveram o efeito neuroprotetor da toxina Tx3-4, antagonista de canais de cálcio dependentes de voltagem, na isquemia cerebral in vitro. O objetivo desse trabalho foi investigar o efeito neuroprotetor (funcional e estrutural) dessa toxina na isquemia cerebral em ratos.
Métodos - Foram utilizados ratos Wistar, machos, com peso entre 250-300 gramas. Foram testadas 3 doses de toxina (0,16μg/animal, 0,32μg/animal e 0,75μg/animal). Os animais foram submetidos a testes funcionais antes, 7 e 14 dias após os procedimentos cirúrgicos. O teste do cilindro, teste de assimetria bilateral (sensoriais), passo em falso e barras paralelas (motores) foram utilizados para a avaliação funcional. Os animais foram submetidos à cirurgia de implantação de cânula guia sobre o ventrículo lateral esquerdo e eletrodos para registro superficial de EEG e à oclusão da artéria cerebral média (ACM). Após a colocação do fio de oclusão na origem da ACM, o animal foi suturado, retirado do aparato de anestesia e encaminhado para a sala de registro. A isquemia foi verificada pelo eletrodecremento do EEG no hemisfério cerebral esquerdo. Com 30 minutos de isquemia, foi realizada uma microinjeção de 4µL de toxina ou PBS no ventrículo lateral esquerdo. Após 60 minutos de isquemia, o animal foi reanestesiado e o fio de oclusão retirado. No 15ª dia pós-isquemia, os animais foram sacrificados e os cérebros retirados para medida do volume de infarto.
Resultados - No teste do cilindro, não houve diferença entre os grupos isquemiados quanto à porcentagem de contatos com a parede do cilindro da pata direita, esquerda ou ambas. No teste de assimetria bilateral, o grupo Isquemia/PBS (54s ± 12) gastou mais tempo (em segundos) para perceber a presença da fita na pata afetada que o grupo Isquemia/0.32µg (22s ± 4) e Isquemia/0,75µg (21s ± 4) 7 dias pós-lesão. No 14ª dia, Isquemia/PBS (60s ± 12) gastou mais tempo que Isquemia/0,16µg (25s ± 4), Isquemia/0,32µg (19s ± 5) e Isquemia/0,75µg (18s ± 2) para perceber a fita. Isquemia/PBS (147s ± 12) precisou de mais tempo do que Isquemia/0,32µg (77s ± 24) e Isquemia/0,75µg (61s ± 15) para remover a fita da pata afetada 7 dias pós-lesão. No 14ª dia, Isquemia/PBS (145s ± 13) gastou mais tempo que Isquemia/0,16µg (75s ± 16), Isquemia/0,32µg (48s ± 14) e Isquemia/0,75µg (40s ± 7) para remover a fita. No teste Passo em Falso, o grupo Isquemia/PBS (11 ± 2) errou mais que Isquemia/0,16µg (4 ± 1), Isquemia/0,32µg (3 ± 1) e Isquemia/0,75µg (2 ± 1) 7 dias pós-lesão. No 14ª dia, o grupo Isquemia/PBS (7 ± 2) cometeu mais erros que Isquemia/0,16µg (2 ± 1), Isquemia/0,32µg (3 ± 1) e Isquemia/0,75µg (2 ± 1). No teste das barras paralelas, os animais isquemiados tratados com a toxina nas doses de 0,75µg e 0,32µg erraram menos ao atravessar as barras paralelas 7 dias pós-lesão. No 14ª dia, apenas o grupo Isquemia/0,75µg foi diferente do controle. A toxina não causou alteração funcional nos animais Sham nas doses estudadas. Todos os animais isquemiados tratados com toxina tiveram maior ganho de peso (a partir do 7º dia) e menor volume de infarto que o grupo Isquemia/PBS.
Conclusão - A toxina Tx3-4 é capaz de promover neuroproteção estrutural e funcional em casos de isquemia cerebral transitória em ratos.
Palavras-chave: toxinas, neuroproteção, isquemia cerebral, in vivo |