Resumo

Indubitavelmente, o progresso da neurociência tem forte impacto no campo educacional, pois ao oferecer um melhor entendimento acerca do comportamento humano, adiciona informações essenciais para aprimorar a compreensão da aprendizagem como fenômeno complexo.Entretanto, apesar de a mídia ter constantemente explorado, o tema mente/cérebro, colaborando para uma maior proliferação de informações, esses conhecimentos tem sido apresentados de forma superficial e desconectados da educação. Além disso, há uma escassa produção literária nacional que abarque uma visão unificada das relações da ciência da mente/cérebro com a educação, apresentando de forma mais densa o papel significativo da química e da biologia da mente na educação. Os livros e materiais disponíveis no mercado pouco oferecem nesse sentido ou, quando apresentam informações científicas de forma mais especializada, são destinados a um grupo seleto de profissionais, ficando direcionados a uma área ou outra da ciência, como medicina e psicologia, e se afastando do professor. Assim, considerando que estudos neurocientíficos tem condições de oferecer apoio para a construção de fundamentos teóricos no campo da educação, a aproximação desses campos de estudo pode ser reconhecida no meio educacional como uma alternativa metodológica na formação docente, uma vez que ao oferecer melhores condições para o entendimento dos eventos neurobiológicas que permeiam a aprendizagem, colaboram para qualificar o ensino.Dessa forma, o estudo objetivou investigar se os cursos de formação docente da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) oferecem aos alunos conhecimentos neurocientíficos articulados à educação, promovendo a percepção acadêmica da necessidade de conhecer as bases neurobiológicas da aprendizagem para um melhor desempenho docente.Constituiu corpus da pesquisa alunos formandos dos cursos de formação docente da FURG. Foi aplicado um questionário, sendo os registros sujeitos à análise quantitativa. Considerando que o trabalho está em fase de conclusão, os resultados parciais das análises advindas dos cursos de licenciatura em biologia, física, matemática, química, história e artes, apontam que: 77% dos alunos não tem conhecimento acerca da neurociência cognitiva e quando apresentam algum conhecimento na área, a formação acadêmica não é a principal fonte de informação; 100% reconhece a importância da neurociência para a educação, sendo também unânime a opinião de que esses conhecimentos devem ser aplicados na formação docente;para a totalidade dos acadêmicos é relevante o conhecimento das bases biológicas da aprendizagem para a otimização docente; para 49% dos alunos o tema neurociência e educação não foi explorado de forma satisfatória durante o curso de graduação, para 42 % foi explorado de forma insatisfatória e para 9 %, não foi explorado; quanto à possibilidade dos cursos propiciarem essa interlocução de forma adequada, 29% sugerem a inserção do tema em disciplina obrigatória, 30,3% via disciplina optativa e 40,7% apontam como alternativa a articulação em disciplinas já existentes. Concluindo, verifica-se a necessidade de rever a estrutura curricular dos cursos de formação de professores, visando melhorar a interlocução entre neurociências e educação. Sob essa perspectiva, ao gerar espaço de discussão científica acerca da importância da neurociência aplicada à educação e vice-versa, é possível vislumbrar uma inovação pedagógica em prol de melhor ensinar e aprender.