Resumo

O álcool é a substância teratogênica mais utilizada no mundo ocidental e seu consumo moderado a severo durante a gestação é um grave problema de saúde pública pelos riscos que pode oferecer à mãe e, mais especificamente, ao feto. A literatura internacional aponta que os efeitos do álcool na prole podem causar prejuízos físicos, mentais, de comportamento e/ou de aprendizagem. Este estudo é um recorte de dissertação de mestrado e teve como objetivo investigar possíveis manifestações de autismo infantil em filhos de mulheres alcoolistas pregressas. A hipótese foi construída a partir de estudos anteriores que apontam o álcool como possível fator ambiental de risco para o desenvolvimento de transtorno global de desenvolvimento (TGD) em crianças expostas no período gestacional. Para isso, foi realizada uma pesquisa de campo com 10 mães alcoolistas em tratamento nas quais foram aplicados dois instrumentos de avaliação: 1) ABC - Inventário de Comportamento da Criança Autista – (Autism Behavior Checklist) e o ASQ - Questionário de Comportamento e Comunicação Social – ASQ (Autism Screening Questionnaire) acerca do comportamento infantil dos filhos. No total, foram aplicadas 14 escalas ABC e ASQ em relação ao comportamento de 14 filhos. Todas as pontuações apresentadas nos instrumentos de avaliação ficaram abaixo do limite de corte para considerar casos como positivos para TGD. Apesar da amostra limitada nossos dados concordam com a tendência atual da literatura que aponta o álcool como potente agente pré-natal levando a transtornos cognitivo-comportamentais nas crianças expostas mas com baixo risco para afetar as 3 áreas de comprometimento dos TGD: comunicação, interação social e interesses restritos e estereotipados.