SBNeC 2010
Resumo:J.235


Poster (Painel)
J.235ALTERAÇÕES DO NERVO ISQUIÁTICO EM RATOS Lewis INOCULADOS COM A CEPA CL DE Trypanosoma cruzi NAS FASES AGUDA E CRÔNICA DA INFECÇÃO
Autores:Adriana Helena do Nascimento Elias (FMRP - USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) ; Maria Cristina Lopes Schiavone (FMRP - USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) ; Paulo Guedes (FMRP - USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) ; João Santana da Silva (FMRP - USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) ; Amilton Antunes Barreira (FMRP - USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto)

Resumo

Na fase aguda da doença de Chagas ou tripanossomíase americana há grande quantidade de parasitas circulantes e, na crônica, há ausência ou poucos parasitas. Estima-se que pelo menos 3% dos pacientes na fase crônica apresentem comprometimento dos nervos sensitivo-motores. Os distúrbios neurofisiológicos encontrados no sistema nervoso periférico podem incluir diminuição da velocidade de condução e alterações na transmissão neuromuscular. Biópsias de nervo têm evidenciado diminuição do número de fibras mielínicas e sinais de remielinização. O presente trabalho objetiva estudar o nervo isquiático de ratos Lewis inoculados com Tripanosoma cruzi tanto na fase aguda, quanto na crônica. Dois grupos de 14 fêmeas, com 6 a 8 semanas foram inoculados por via intra-peritoneal com 600.000 tripomastigota da cepa CL. Os animais foram mantidos em biotério climatizado com dieta padrão de biotério e água ad libitum. Avaliação diária da marcha através de walk track e da mobilidade da cauda foram realizadas até o 28º dia e posteriormente, a cada semana, até o 88º dia pós-inoculação. Os animais foram sacrificados na fase aguda entre o 12º e 28º dia pós infecção e na crônica entre o 72º e o 88º. O nervo isquiático e as raízes espinhais foram dissecados em ambos os lados. Os fragmentos do lado direito foram incluídos em parafina para realização de cortes histológicos transversais e longitudinais, corados com hematoxilina e eosina (HE). Os fragmentos do lado esquerdo foram incluídos em Epon 812® para realização de cortes semifinos transversais e longitudinais e corados com azul de toluidina. As alterações foram descritas e os infiltrados celulares foram analisados utilizando-se método semi-quantitativo. Não foram observadas alterações da marcha, mobilidade da cauda ou outras alterações neurológicas. Na fase aguda foi encontrado infiltrado inflamatório mononuclear endoneural e epineural constituído por macrófagos e linfócitos em amostras do nervo isquiático de 6 dos 14 animais estudados. Na maioria dos espécimes esse infiltrado era multifocal com intensidade 3 e 4, utilizando classificação de 7 itens – sendo 0 = ausência de infiltrado e 7 = infiltrado difuso intenso. O nervo isquiático apresentou maior freqüência de alterações que suas raízes. Na fase crônica verificou-se infiltrado inflamatório multifocal endoneural e epineural em amostras do nervo isquiático de 11 dos 14 animais estudados. A intensidade variou entre 1 e 2. Mais animais apresentaram alterações histológicas no grupo crônico, porém quantitativamente não foram encontradas diferenças significativas entre as amostras em ambas as fases. Os infiltrados epineurais sempre tiveram intensidade maior quando comparados aos endoneurais (intensidade 4 no grupo agudo e 2, no crônico). Foram identificados algumas fibras desmielinizadas, associadas a focos inflamatórias e outras em processo de degeneração walleriana. Embora o rato Lewis seja considerado o animal mais susceptível para o desencadeamento de neurite alérgica experimental, o comprometimento do sistema nervoso periférico predominantemente sensitivo-motor dessa cepa de ratos, quando inoculados com T cruzi, se limita a lesões histológicas de pequena monta, não suficientes para desencadear distúrbios motores.


Palavras-chave:  Doença de Chagas, nervo isquiático, nervos periféricos, tripanossomíase