Poster (Painel)
I.013 | A teoria neuronal de Santiago Ramon y Cajal à luz da ampliação do modelo dedutivo
| Autores: | Romulo Francisco Monte Ferreira (ICB-USP - Instituto de Ciencias Biomedicas) ; Marcelo Muniz (ICB-USP - Instituto de Ciencias Biomedicas) ; Maria Ines Nogueira (ICB-USP - Instituto de Ciencias BiomedicasICB-USP - Instituto de Ciencias Biomedicas) |
Resumo Introdução
Com o modelo de Morton Beckner, modelo implicacional da explicação, objetivamos entender como adequar o modelo dedutivo (Hempel & Oppenheim, 1948) às explicações em Biologia, tomando como estudo de caso a teoria neuronal proposta por Ramon y Cajal, sec XIX.
Material e Métodos
A análise segue dois movimentos:
I. O entendimento do modelo implicacional da explicação proposto por Beckner; (Aspectos da explicação em teorias biológicas, 1979, e. Aspects of Scientific explanation, 1965.
II.A compreensão das evidências apresentadas por Cajal, 1952, a favor da teoria neuronal, aplicada ao modelo de Beckner.
Discussão e conclusão
Consideramos três fatores como base explicativa no desenvolvimento da teoria neuronal, são eles (sem negar, as observações feitas pelo próprio Cajal):
1. A anatomia e fisiologia comparada vigente que permitam as generalizações a partir de observações histológicas;
2. As teorias de Darwin, que fortalecem essas generalizações;
3. A teoria celular, que advoga a unidade básica dos organismos.
Ressaltamos que a microscopia eletrônica foi desenvolvida em 1930, e os trabalhos de Cajal foram realizados na segunda metade do Séc. XIX e início do Séc. XX, com microscópia de luz, e com limitações de resolução. Se por um lado, as observações feitas por Cajal, stricto sensu, não são dependentes de contexto, quando muito o são de limites de observação, advindos da tecnologia de pesquisa disponível em sua época, os fatores apontados acima o são em muitos casos necessários e suficientes, portanto, podemos arriscar uma explicação da teoria neuronal, em oposição à teoria reticular, já que a teoria que prevalece é a postulada por Cajal (hoje o número de evidências a favor são inúmeros).
Uma formalização possível a partir da ampliação do modelo dedutivo:
P1: A observação de um dado corte histológico evidencia a contigüidade do neurônio a partir de suas conexões (axo-somáticas e -dendriticas);
P2: As células são a unidade básica dos tecidos;
P3: Há regularidade na natureza morfofisiológica dos organismos, salvo casos de exceção;
P4: A observação considerada não constitui caso de exceção.
Pn: Outros;
E: No sistema nervoso o neurônio é a unidade morfológica básica. (Não é considerada a glia, pois mesmo Cajal tendo conhecimento de sua existência, lhe atribuia importância secundária em vista da importância do neurônio).
O enunciado “P1 implica E” é verdadeiro caso P2, P3, P4 e Pn sejam verdadeiros, ou seja, a observação da unidade neuronal em um corte histológico qualquer (não importando quantas observações sejam feitas) permite a generalização acerca da composição básica do sistema nervoso se o número n de cláusulas for satisfeito. Pn indica que podemos acrescentar cláusulas complementares e protetoras no sentido de atender todos os fatores de influência, dependentes de contexto ou não, na postulação da teoria.
Concluímos nossa exposição de maneira que o modelo proposto por Beckner para considerar explicações dependentes de contexto, própria de explicações biológicas ou mesmo históricas se mostra eficiente. Pretendíamos aqui manter o debate no campo da explicação científica e tentar uma aproximação do modelo dedutivo (ampliado e mais tolerante) aos eventos biológicos. Pretendemos contribuir com uma maneira de inferirmos explicações em Biologia, História e ciências afins por meio de um modelo de explicação lógica.
Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, PRCEU-USP
Palavras-chave: teoria neuronal, modelo dedutivo, Ramon y Cajal, modelo implicacional |